Existem várias formas de se criar uma personagem. Há autores
que se inspiram em alguém conhecido e passam as características dessa pessoa
para a personagem. Há ainda aqueles que se inspiram em si mesmo, sendo
possível, ao leitor que conhece o autor, reconhecer algumas ações.
Na verdade,
não sei muito bem como faço. Já fiz de diversas formas. No começo, lá em 2007,
talvez eu apenas tenha juntado algumas características vistas antes em tantos
protagonistas. Eis que criei Diogo, personagem principal da série O Punhal. Não
há nada de novo nele, é um garoto de 17 anos, bonito, cabelos escuros e olhos
verdes (olha aí o padrãozinho). Júlia também foi nessa onda: uma garota ruiva
(quantas ruivas você encontra em terras brasileiras?), meiga e toda romântica.
Mas mesmo com a minha inexperiência, criei o Augusto (que hoje é o nome do meu
filho), uma personagem que tem sua importância em cada livro da série. Gosto
muito do papel dele, um vampiro que está ali para guiar o Diogo, por mais que
às vezes não faça isso adequadamente. Seu jeito introspectivo colabora com o
seu ar misterioso. Contudo, ao decorrer da série, vemos como ele é todo família,
algo que hoje vejo com bons olhos, pois o torna diferente daqueles do seu meio.
Ainda não sei de onde tirei as características dele.
Depois da
série o Punhal, fui me aventurar no erótico e, com isso, criei as personagens
de Volúpia. Enzo foi uma mistura de ações inconsequentes e imaturidade, o que
melhor desenvolvi na reescrita dessa história. Clara é o meu xodó. Amo o jeito
dela, sua força, sua personalidade. Ela foge da protagonista meiga e romântica,
e fiz isso conscientemente. Claro que ela pode ser as duas coisas quando quer,
mas não só isso. Afinal, ela tem a sua personalidade. Eu queria a Clara o mais
real possível, uma mulher moderna.
No entanto,
mesmo tendo abandonado o gênero erótico, atingi meu ápice de criação de
personagem com o romance Notas de Luxúria. Foi ali que realmente aprendi a
fazer isso, a dar vida para cada um deles de forma diferente. Como esse livro é
narrado por cinco protagonistas completamente diferentes, tive que transitar
nas mentes deles. Foi muito difícil e ao mesmo tempo prazeroso o processo de
escrita. Amei cada linha escrita e cada emoção sentida. E eu consegui criá-los
cada um com sua peculiaridade.
Acho que
para mim a grande inspiração são as pessoas que me cercam. Vejo suas atitudes,
seus modos de agir, como falam, se expressão etc. Sou muito observadora, presto
atenção nas pessoas e me interesso muito pelas coisas que me contam. Gosto da
complexidade de cada um. Com isso, algo delas sempre acaba aparecendo em alguma
personagem.
Fora o
enredo, hoje a criação das personagens é a parte que mais gosto de fazer. Pensar
em cada um, como aquela pessoa reagiria a determinada situação, como falaria e
tal é maravilhoso. Montar a ficha das personagens é algo que me satisfaz.
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