10 maio 2017

A criação de uma personagem





Existem várias formas de se criar uma personagem. Há autores que se inspiram em alguém conhecido e passam as características dessa pessoa para a personagem. Há ainda aqueles que se inspiram em si mesmo, sendo possível, ao leitor que conhece o autor, reconhecer algumas ações.

Na verdade, não sei muito bem como faço. Já fiz de diversas formas. No começo, lá em 2007, talvez eu apenas tenha juntado algumas características vistas antes em tantos protagonistas. Eis que criei Diogo, personagem principal da série O Punhal. Não há nada de novo nele, é um garoto de 17 anos, bonito, cabelos escuros e olhos verdes (olha aí o padrãozinho). Júlia também foi nessa onda: uma garota ruiva (quantas ruivas você encontra em terras brasileiras?), meiga e toda romântica. Mas mesmo com a minha inexperiência, criei o Augusto (que hoje é o nome do meu filho), uma personagem que tem sua importância em cada livro da série. Gosto muito do papel dele, um vampiro que está ali para guiar o Diogo, por mais que às vezes não faça isso adequadamente. Seu jeito introspectivo colabora com o seu ar misterioso. Contudo, ao decorrer da série, vemos como ele é todo família, algo que hoje vejo com bons olhos, pois o torna diferente daqueles do seu meio. Ainda não sei de onde tirei as características dele.

Depois da série o Punhal, fui me aventurar no erótico e, com isso, criei as personagens de Volúpia. Enzo foi uma mistura de ações inconsequentes e imaturidade, o que melhor desenvolvi na reescrita dessa história. Clara é o meu xodó. Amo o jeito dela, sua força, sua personalidade. Ela foge da protagonista meiga e romântica, e fiz isso conscientemente. Claro que ela pode ser as duas coisas quando quer, mas não só isso. Afinal, ela tem a sua personalidade. Eu queria a Clara o mais real possível, uma mulher moderna.

No entanto, mesmo tendo abandonado o gênero erótico, atingi meu ápice de criação de personagem com o romance Notas de Luxúria. Foi ali que realmente aprendi a fazer isso, a dar vida para cada um deles de forma diferente. Como esse livro é narrado por cinco protagonistas completamente diferentes, tive que transitar nas mentes deles. Foi muito difícil e ao mesmo tempo prazeroso o processo de escrita. Amei cada linha escrita e cada emoção sentida. E eu consegui criá-los cada um com sua peculiaridade.

Acho que para mim a grande inspiração são as pessoas que me cercam. Vejo suas atitudes, seus modos de agir, como falam, se expressão etc. Sou muito observadora, presto atenção nas pessoas e me interesso muito pelas coisas que me contam. Gosto da complexidade de cada um. Com isso, algo delas sempre acaba aparecendo em alguma personagem.

Fora o enredo, hoje a criação das personagens é a parte que mais gosto de fazer. Pensar em cada um, como aquela pessoa reagiria a determinada situação, como falaria e tal é maravilhoso. Montar a ficha das personagens é algo que me satisfaz.

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